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Mostrando postagens de 2011

O Brasil sem referência

"Narciso acha feio tudo o que não é espelho", já cantava Caetano Veloso na letra que melhor representa a cidade de São Paulo e o estranhamento que ela causa em quem não é de lá. Muitas vezes, ao invés de achar feio aquilo que não conhecemos, procuramos referências para comparar e igualar com o que dominamos. Assim o estranho se torna mais compreensível. Serve pra tudo. Quando surge um novo artista, por exemplo, os críticos logo concluem que aquele é o "novo Chico" ou a "reencarnação de Charles Chaplin". Por mais que se tenha um estilo totalmente próprio e inovador, as pessoas sempre vão querer procurar uma referência ou um rótulo para encaixar no que já é de domínio público. É um pensamento limitador, simplista e careta. Mas parece que usufruir de algo que não se domina por completo está além da capacidade das pessoas. Com o esporte e principalmente com o futebol funciona da mesma maneira. Neymar não é Neymar, e sim o novo Pelé. Messi é o Maradona versão c

Gretchen Filme Estrada

Há alguns dias, Gretchen partiu para o auto-exílio, nos Estados Unidos. Levou consigo o décimo quinto marido e o seu antológico bumbum. A notícia passou despercebida por grande parte da mídia, o Brasil não sabe o que está perdendo. O fim da carreira do seu maior símbolo cultural merece apenas uma nota em um jornal qualquer. A importância de Gretchen para o País é maior que a de João Gilberto, por exemplo. Eu mesmo não tinha consciência disso até assistir ao documentário “Gretchen Filme Estrada”, lançado recentemente pela jornalista gaúcha Eliane Brum e o documentarista Paschoal Samora. O filme faz uma narrativa da campanha de Gretchen à prefeitura de Itamaracá, em Pernambuco, em 2008. A ideia era revelar a transformação da artista em política. Não foi possível. Gretchen perdeu a eleição e continuou rebolando. A Rainha do Bumbum começou a rebolar em plena Ditadura Militar. E continuou durante o movimento das Diretas-Já, viu o Collor mandar e desmandar no Brasil, assistiu à expan

O passeio de Sarney

Enquanto os rebeldes da Líbia festejam o poder, penso no Maranhão. Muamar Kadafi transformou Trípoli em seu quintal particular e bem que deve ter influenciado a família Sarney, que fez exatamente o mesmo com o estado inteiro do Maranhão. Sarney é sinônimo de privatização do espaço público. Lula disse certa vez que o atual presidente do Senado jamais poderia ser tratado como um “homem comum”. O deputado estadual Magno Bacelar (PV) apareceu com o mesmo discurso, comentando a denúncia de que Sarney havia utilizado o helicóptero da Polícia Militar do Maranhão para ir até a ilha de Curupu, onde possui casa. Assim como pegou carona com Amapá, Sarney deu um passeio rápido no helicóptero comprado por R$ 16,5 milhões pelo governo do estado. O objetivo com a aquisição era combater o crime e socorrer emergências médicas. Mas tudo bem, a carona não gerou nenhum transtorno. Apenas um paciente em estado grave que aguardou para ser atendido enquanto Sarney descarregava as malas. O

Governo Insensato

Sempre torço pelos vilões. Nas novelas, nos filmes, nos livros e até na vida real, por que não? Um dos mais recentes bandidos a contar com meu apoio incondicional foi o Léo de Insensato Coração, última novela das nove da TV Globo. O filhinho de papai mau caráter, interpretado magistralmente por Gabriel Braga Nunes, me fazia vibrar no sofá. Enquanto as pessoas ficavam horrorizadas com a frieza do personagem, eu o aplaudia. Às vezes calado, claro. Com uma visita em casa, por exemplo, não deixava transparecer esse meu desvio de caráter. Certamente não me entenderiam. No caso da novela, outro fator foi determinante para eu estar do lado errado da história. Achava aquele trio do bem: Marina, Pedro e Raul, extremamente chato. Talvez seja por isso que eu torço pelos vilões. Na maioria das vezes eles são divertidos e carismáticos, enquanto o mocinho sempre é tedioso. Na vida real, se repararem bem, não difere muito. Tenho lido bastante a respeito da limpeza que a presidente Dilma Rous

Ana das Diárias

A Ana de Amsterdam do Chico Buarque virou Ana das Diárias. Trata-se da própria irmã do compositor. Ana do dique, das docas e das polêmicas. Ana das controvérsias. Ana de Hollanda, ministra da Cultura e das trapalhadas. Chico apoiou Dilma durante a campanha à presidência, quem pagou o preço foi o Brasil. Temos que aguentar sua irmã cometendo gafes e injustiças. A essa altura, ela já é carta marcada e jogo de azar. A última confusão envolveu as diárias pagas à ministra por finais de semana passados no Rio de Janeiro, onde ela possui imóvel próprio. Em quatro meses, Ana recebeu cerca de R$ 35,5 mil por 65 diárias, sendo que em 16 desses dias (no mínimo), a agenda não registra compromisso oficial. "Ana fulana, Ana sacana". O costume da ministra é marcar compromissos nas sextas e segundas-feiras no Rio e receber ajuda financeira pelos dias de trabalho e também pelos sábado e domingos de folga. Ana é original nas suas trapalhadas e muito mais nas suas justificativas. Sobre essa últ

A dor do Fenômeno

Qual o limite da dor? Ronaldo deve saber bem, tanto a dor do corpo quanto a da alma. Mas não saberia reconhecer qual é a pior. Os dois lhe deram ares de fenômeno, alguma coisa de super-heroi, lhe recusaram a condição de simples humano. Nos últimos tempos, cobraram o preço que ele se recusou a pagar. No fim não teve jeito, teve que acertar a conta à força. Ao contrário do que a maioria está dizendo, esta não é a primeira morte de Ronaldo, das duas inevitáveis. O Fenômeno teve tantas outras que fica até difícil de contar. As seguidas contusões e cirurgias, os conturbados episódios na vida pessoal, as noitadas, as mulheres lindas, os travestis. Ronaldo morreu muito mais que uma vez, mas soube renascer sempre. Por isso a comoção, por ser tão difícil reconhecer o homem, que sempre conseguiu se superar, desistindo. A fraqueza de Ronaldo é a nossa fraqueza, assim como suas alegrias foram as nossas também. Poucos representam tão bem o que é ser brasileiro quanto ele. Nasceu ninguém, conquistou

R10 no horário nobre

Nem Passione nem Araguaia nem Ti ti ti. A novela que concentra as atenções do País nesse momento é a negociação de Ronaldinho Gaúcho. Ou seria Ronaldinho Carioca? Assis, irmão e empresário do jogador, prova que errar uma vez é humano, duas é teimosia e três já é burrice. Errar quatro, cinco e continuar insistindo no mesmo erro, só ele, Assis, é capaz de fazer. O irmão de Ronaldinho foi um jogador de talento mediano. Hoje é um empresário sem talento e de competência mediana. Mais atrapalha do que ajuda na carreira do irmão. Fazer o que ele fez até hoje, a frente dos negócios envolvendo Ronaldinho, qualquer um faria. Com o talento acima da média de R10 seria fácil. Se Assis fosse bom empresário não deixaria que o irmão perdesse a vontade de jogar futebol, como já vem demonstrando há tempos que perdeu. Ronaldinho não parece ver muito sentido em estar em campo, o desejo por dribles e gols já se perdeu faz tempo. Assis só fez contribuir para essa decadência. O episódio recente envolvendo a

As últimas regalias

2011 começou, o Brasil mudou, mas Lula continua o mesmo. Depois dos oito anos que precisou para tirar o Brasil da miséria, o messias do nordeste nos cobrou a conta. E até que ficou barato. Férias no Guarujá com toda a família, hospedado na base militar do Forte dos Andradas. Foi convite do camarada Nelson Jobim, ministro da defesa. Caso contrário, o ex-presidente nem poderia ficar hospedado lá. Jobim é mesmo um bom companheiro. E o passaporte diplomático emitido a dois filhos de Lula? Isso no seu penúltimo dia útil como presidente. Foram os camaradas do Itamaraty, afinal como negar um pedido do Jesus Cristo do ABC? O detalhe é que o documento pode ser emitido a dependentes de autoridades até os 21 anos (24, quando estudante, ou em qualquer idade quando portadores de deficiência). Luís Cláudio Lula da Silva tem 25 anos. Marcos Cláudio Lula da Silva, 39. E ambos gozam de perfeita saúde. Mas e daí? O Brasil apenas está pagando o que deve ao homem que mostrou que é possível ser pobre e viv