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Mostrando postagens de 2010

A fofoca irrelevante

O ex-secretário-geral do Itamarati, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os americanos. Como eu sei? Li no WikiLeaks. Lula vai encerrar seus oito anos de governo deixando como principal marca a corrupção. Isso eu já sabia, mas também está lá, no WikiLeaks. Um site de fofocas diplomáticas. Fofocas relevantes, o rascunho da história. Mas ainda prefiro a Caras. O site fundado pelo australiano Julian Assange, suspeito de cometer estupro e procurado pela Interpol, está jogando contra o ventilador uma série de informações diplomáticas envolvendo os Estados Unidos, seus aliados e seus inimigos, ou seja, o mundo todo. Assange não passa de um vândalo maluco mascarado de moralista que preza o acesso à informação. Tudo fingimento, ele simplesmente odeia os Estados Unidos, assim como Samuel Pinheiro Guimarães, por mais que o ministro Celso Amorim insista em negar. Portanto, se esforça para desgastar a imagem do país norte-americano. Pra variar, Lula foi mais esperto. Disse que as informações vazadas n

A guerra não pode parar

O Rio de Janeiro continua lindo. O Rio de Janeiro continua sendo. A guerra a que estamos assistindo há cinco dias, entre traficantes e policiais na capital fluminense, não passa de entretenimento com uma dose cruel de realidade. Pegue sua pipoca, sente no sofá e faça sua aposta. Emoção garantida do começo ao fim. BBB é passado. O governo Sérgio Cabral decidiu enfrentar e combater o tráfico de drogas e tudo o que o cerca. Inclusive os cidadãos inocentes. Mas não importa, ninguém mandou morar em favela onde quem manda é o Comando Vermelho. Se morrerem é porque estavam no lugar errado e na hora errada. Fogo neles. O saldo até agora é positivo: 23 mortos e 150 detidos. Sem falar nos carros e ônibus queimados: 29 no total. A população carioca está satisfeita com a iniciativa. Com medo, mas contente. Essa guerra é o efeito colateral do sucesso das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Sucesso sim. Digno de Capitão Nascimento. Os PMs tomaram conta de algumas favelas, diminuiram o poder do

O coronel de sete vidas

José Sarney é um homem de sorte. No auge de seus oitenta anos mostra que os ventos continuam soprando a seu favor. Como sempre, o coronel do Maranhão ressurgiu das cinzas e renasceu politicamente. Depois dos escândalos envolvendo seu nome no ano passado, ele agora é cotado para permanecer na presidência do Senado. O Brasil é mesmo um país sem memória. O que falar dos atos secretos, do nepotismo, do tráfico de influência? Desceram ralo abaixo, ninguém sabe, ninguém viu. Sarney é muito maior que isso tudo. É fiel a Lula. No Brasil isso basta, já que contestar o messias do sertão aqui é o oitavo pecado capital. Nesse caso, mais vale a fidelidade política do que o caráter. Ano passado, Sarney saiu pela tangente. Negou tudo a todos. Não sabia dos três mil reais de auxílio-moradia que entravam em sua conta todo mês, sendo que ele já possuia residência em Brasília, e não sabia que Epitácio Cafeteira havia empregado um neto seu. Sem falar nos seguranças do Senado contratados para cuidar de sua

Eternamente ingratos

Nós, eleitores brasileiros, somos muito ingratos. O PT suou para se manter no poder, Lula fez o impossível para garantir que sua afilhada Dilma Rousseff o sucedesse e nós continuamos procurando sobre o que reclamar. Agora, como em 2009, criticamos o Enem. Pobre do presidente Lula e de Fernando Haddad, ministro da Educação. Haddad, coitado, teve inclusive que abrir mão da viagem para Moçambique. Trocou a companhia do presidente pelo marasmo de Brasília. Esses jovens estudantes não sabem de nada. Querem estudar, entrar na universidade, se profissionalizar e garantir um futuro. Mal sabem eles que o futuro já está garantido e tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff. São mesmo uns insatisfeitos. Os jovens brasileiros têm interesses banais perto dos nobres objetivos do PT. Que diferença faz se as grades de respostas da prova do Enem desse ano estavam trocadas? Qual o problema da prova amarela, que tinha algumas questões repetidas e outras em branco? E se alguns enunciados estavam equivocados? O

Paul em POA

Emocionante a passagem de Paul McCartney por Porto Alegre. O show foi de uma beleza indescritível em palavras. Vai permanecer na memória por muito tempo. Quem viu sabe.

Um país jaburu

O Brasil é um país jaburu. Lula conseguiu eleger sua afilhada Dilma Rousseff e os dois trataram logo de esclarecer que quem irá governar na prática será ela mesma, não ele. Rei morto, rei posto. Portanto, o governo terá a cara de Dilma Rousseff e o Brasil será um país jaburu. Para quem achava que Dilma só estaria segura com o sapo barbudo bufando em seu cangote, se decepcionou. Não é assim que vai funcionar. Estamos finalmente descobrindo que a presidente eleita tem opinião própria, tem pulso firme. A imagem de gerentona quem tratou de criar foi Lula,quando definiu que Dilma seria a candidata do PT à presidência. No início ninguém contestou, o Brasil não está acostumado a contestar Lula. Agora, logo nas primeiras entrevistas dela como presidente eleita, podemos ver que Lula até que tinha razão. Dilma é uma gerentona. Jaburu. Seu discurso e sua postura estão muito diferentes daqueles mostrados nos dias estressantes de campanha eleitoral. Ela está mais firme em suas palavras e se express

No, we can't

Em 1962 os Beatles já se apresentavam com a formação que ficaria conhecida no mundo inteiro. Foi um começo modesto, construído em pubs de Liverpool, na Inglaterra. Mais tarde, a banda se transformou em uma das histórias de maior sucesso da música mundial e a adoração em torno dos quatro súditos da rainha passou a ser conhecida como Beatlemania. Em 2008 Barack Obama ainda era candidato à presidência dos Estados Unidos. Mas já arrastava multidão por onde passava, o discurso de "Yes, we can" soava como "Love me Do". O Nelson Mandela moderno parecia saber a solução de todos os problemas, prometia curar os males dos americanos como num passe de mágica. Surgiu então a Obamamania. Os Beatles se separaram em 1970. Foi um fim precoce mas que só fez aumentar a fama e a mística em torno dos quatro cavaleiros ingleses. Tanto que a Beatlemania resiste até os dias de hoje. Paul McCartney, por exemplo, se apresenta esse mês no Brasil. Ingressos esgotados e o país mobilizado pra ve

A gincana

Votarei em Dilma Rousseff para presidente. Está decidido. Já que a campanha presidencial se tornou nos últimos dias uma verdadeira guerra, que vença o mais forte. Pouco importa programas de governo, promessas, pouco interessa o eleitor. O buraco é muito mais embaixo. Faltando poucos dias para o segundo turno, a disputa entre José Serra e Dilma Rousseff atingiu seu nível mais baixo. A violência, até então, era apenas verbal. Sobravam acusações. O dinheiro de Paulo Preto, onde foi parar? E os filhos de Erenice Guerra? Campanha baixa e suja. O que interessava era desconstruir a imagem do outro e não construir a sua própria. Nós, brasileiros, somos massa de manobra. Não contestamos, apenas seguimos o andar da carruagem. Por isso começamos a ver a briga entre os presidenciáveis como algo normal. Essa semana, no Rio de Janeiro, José Serra foi atingido na cabeça por militantes do PT. Imagens veiculadas na TV mostravam que o objeto que atingira o tucano era uma bola de papel. Serra ficou tonto

"Afasta de mim esse cálice"

Chico Buarque já foi Julinho da Adelaide. Na noite de ontem, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor reuniu-se com outros artistas e intelectuais para declarar apoio à candidata do PT, Dilma Rousseff. Quem marcou presença foi o Chico mesmo, não o Julinho. Não resta dúvida de que Chico Buarque de Hollanda é um artista politizado. Participou da Passeata dos Cem Mil, do movimentos das Diretas Já!, escreveu inúmeras canções de protesto como poucos. Ousou na época da repressão, pós-revolução de 1964. Ficou exilado em Roma, na Itália. Sofreu com a censura. Desculpou-se pela duração daquelas temporadas. É dele o título desse texto, que dá nome a uma canção de sua autoria, "Cálice". Cálice, na verdade, quer dizer "cale-se". Saída encontrada para tentar driblar a censura. Não deu certo. Houve um episódio onde ele cantava Cálice com o seu parceiro Gilberto Gil e, mesmo usando palavras desconexas que nada tinham a ver com a letra original, tiveram seus microfones desligados.

A vencedora é Marina

O Brasil decidiu pelo 2º turno. Ainda bem. Assim teremos mais tempo até ficarmos reféns de Dilma Rousseff. O PT viu a campanha da afilhada de Lula perder força na reta final. Culpa dos escândalos envolvendo a afilhada de Dilma, a ex-ministra Erenice Guerra. Culpa do alto índice de abstenção de votos, principalmente na região nordeste. Culpa de Marina Silva. A candidata do PV resolveu crescer no final da campanha e estragar os planos do seu ex-partido. Agora, todos estão reféns dela. Deverão surfar em sua onda verde. Pelo último debate entre os presidenciáveis, o da TV Globo, Marina tem uma forte tendência de apoiar Dilma. A "jaguatirica" do Acre demonstrou que em seu peito ainda bate um coração petista, ao concordar em diversos momentos com a candidata do PT. Além disso, Marina também parece ter ficado magoada com José Serra, quando o tucano disse que ela e Dilma eram ministras de Lula na época do mensalão. A favor do candidato do PSDB pesa o fato de que Dilma e Marina se con

Palhaçada

O Brasil não é exatamente um país bobo, mas seus eleitores são. Caso contrário Francisco Oliveira Silva nem ao menos seria candidato à Deputado Federal nessas eleições. Além disso, ele é indicado como o favorito dos eleitores. À propósito, Francisco Oliveira Silva é o nome verdadeiro do humorista Tiririca. Começo a achar que o Brasil é sim um país bobo. Para alguns, votar no Tiririca seria apenas uma piada. Ou uma forma de protesto. Protesto burro, diga-se de passagem. Um tiro nos próprios pés. Pode ser que o humorista, caso eleito, faça um mandato melhor que muitos outros e surpreenda o País. Não dá para saber. Afinal, nem ele faz ideia de quais atividades terá que desempenhar. Na pior das hipóteses, ele apenas alegraria um pouco mais o Congresso Nacional. O tiro nos próprios pés a que me referi é pelo seguinte. A candidatura de Tiririca não é algo tão ingênuo quanto parece. Foi planejada e minuciosamente calculada, desde 2006. A intenção do PR ao lançá-lo como candidato não é somente

"Lula é bonito"

Lula voltou a criticar a imprensa. Ou melhor, criticou a liberdade excessiva condedida aos profissionais da imprensa. O que dá no mesmo. Afinal, imprensa e liberdade têm que andar juntas. Além disso, o presidente condenou a forma como são controlados os veículos de comunicação no Brasil. Segundo ele, poucas famílias são responsáveis por toda a mídia brasileira. Publicam o que querem. Inventam denúncias, criam escândalos e perturbam a vida de políticos. Essa imprensa é mesmo danada, Lula. Em período de eleição, o desgaste é ainda maior. Qualquer notícia pode abalar a campanha de um ou outro candidato. É preciso ficar atento. Esses jornalistas são mesmo pirados, Lula. Já falei aqui sobre aquela história do mensageiro que, diante de uma má notícia, era condenado à morte pelo Rei. Ou seja, acabando com o mensageiro, eliminava-se a notícia indesejada pelo Rei. É a filosofia de Lula. Lula é o Rei e a imprensa o mensageiro. Não é em vão que o presidente faz esse tipo de acusação. Utiliza-se d

Piada sem graça

A ditadura militar no Brasil, e tudo o que ela representou – censura e proibição - deixou resquícios. Um deles é o silêncio exigido dos humoristas até as próximas eleições. Uma resolução aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estabeleceu que, desde 1º de julho, as emissoras estão proibidas de "usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação, bem como produzir ou veicular programa com esse efeito". A decisão se baseia no artigo 45 da lei 9.504, de 1997. Quem a infringir, pode ser multado em até R$ 106.410 – valor que dobra em caso de reincidência. Ou seja, estamos terminantemente proibidos de rir dos nossos candidatos. Uma piada de péssimo gosto. Humorista não combina com radicalismo. Não nasceu pra reivindicar, protestar. Faz isso naturalmente, usando a ferramenta que tem: o humor. Ontem, porém, abriram uma exceção e foram às ruas do Rio de Janeiro exigir o direito d

Restou a festa

Quando um homem insiste em ignorar a dor, pode ser chamado de guerreiro. Dor que pode ser simbólica, como aquela que os brasileiros são obrigados a fingirem que não existe. O peso do dia-a-dia, a luta, o sangue e o suor. Tudo para vencer. Ou pra não perder, somente. No caso do time do Inter, na decisão da Copa Libertadores da América, a dor era verdadeira e teimava em não passar. Fez questão de testar até onde poderiam ir Sandro, Guiñazu, Tinga e Alecsandro. Antes, judiara de Rafael Sóbis. Ele que havia sido herói em 2006, na primeira conquista da América e ontem inverteria a lógica para, mais uma vez, deixar seu nome gravado na história. As grandes batalhas também existem para transformar meninos em homens. Transformação que exige coragem, muita coragem. Leandro Damião provou ontem que já pode ir pra guerra, ganhou certificado de guerreiro destemido e agora é homem. No fim, cedeu à emoção e chorou lembrando-se das dificuldades que enfrentara até ali. Talvez bem antes já fosse homem pr

A Meryl Streep do Beira-Rio

É hoje. Às 21h50 Inter e Chivas Guadalajara começam a decidir quem levantará a taça de campeão da América, em um Beira-Rio lotado pelos torcedores e tomado pela emoção. Para os colorados as últimas notícias foram positivas, afinal quem era dúvida, não é mais. Na entrevista coletiva concedida ontem, o técnico Celso Roth, além de anunciar que Sandro, Tinga, Guiñazu e Alecsandro devem entrar em campo normalmente, chamou a atenção por uma passagem que nada tem a ver com futebol. Ou quase nada. Mencionou que a carreira dele poderia ser comparada à da atriz Meryl Streep, que apesar de sempre ter feito bons trabalhos, nunca havia recebido um Oscar sequer. Embora Roth tenha se confundido nas informações (Meryl Streep ganhou dois Oscars), achei a comparação engraçada. Celso Roth é incontestavelmente um bom técnico, fez bons trabalhos por onde passou e organizou o Inter do polêmico Jorge Fossati. Mas realmente falta alguma coisa na sua carreira. Falta um grande prêmio, um grande título. Ou... um

É preciso ter calma

O momento exige muita cautela no estádio Beira-Rio. É hora do torcedor colorado e de todo o time do Inter manter a calma e evitar o "já ganhou". É verdade que o resultado conquistado no México foi pra lá de positivo, como também é verdade que a atuação do Chivas no jogo de ida só serviu pra aumentar ainda mais a confiança colorada. Mas ainda restam noventa minutos. E não é pouco. Como sabemos, justiça é uma palavra a ser evitada quando o assunto é futebol. O próprio Inter sentiu isso na pele em 2005, no Campeonato Brasileiro, logicamente que as circunstâncias eram totalmente diferentes. O "justo" seria vermos o Inter de Celso Roth campeão da Libertadores 2010, afinal é muito mais time que o Chiva. Mas não sabemos. Nada define isso melhor do que aquela velha frase: o futebol é uma caixinha de surpresas. O Rio Grande do Sul respira ansiedade. Até mesmo os gremistas, ou mesmo aqueles que não gostam de futebol. Mas a hora pede calma. Muita calma. É preciso evitar o &quo

Agora é esperar por 2014

Começou com o pé direito. Ou quase. Foi do pé esquerdo de TSHABALALA que nasceu o primeiro gol da Copa do Mundo da África do Sul. Os Bafana Bafana foram os primeiros a sorrir. Nada mais justo, nada mais emocionante. Pena que o gol não deu a vitória para a seleção da casa, no fim, 1 a 1 contra o México. Foi apenas a primeira decepção, outras estavam por vir. Desejar que a África do Sul vencesse também nos gramados talvez fosse querer demais. Afinal, fora das quatro linhas, aquele país já era vencedor. Provou que sim, era possível que o maior evento futebolístico do mundo fosse realizado ali, em um lugar onde a cor negra predomina, a pobreza está presente em todos os cantos e a violência ainda é um problema a ser combatido. O que pouca gente devia saber é que Joanesburgo também é a capital da alegria. Porto Elizabeth esbanja sorrisos. Durban, Cidade do Cabo, Pretória, Bloemfontein, Rustemburgo também são lugares onde felicidade não se pode medir em dinheiro. No fim, a seleção anfitriã se

Futebol frustrante

Não acompanhei tantas Copas assim. Assisto todas desde 1994, quando o Brasil conquistou o tetracampeonato. Portanto, ao todo foram quatro. Poucas, admito. Porém, uma coisa me parece clara. A Copa do Mundo de 2010 é forte candidata a pior de todos os tempos. De repente as coisas mudem e esse seja apenas o pior início de todos os tempos. Mas acho difícil. É engraçado. Se pararmos pra pensar, a evolução do futebol acabou com o próprio futebol. O jornalista da revista Época, Guilherme Fiuza, afirmou com perfeição o que ocorre hoje nos gramados: "Os jogadores têm apenas tempo de reflexo e não mais de reflexão". É exatamente isso. Não há mais espaço para criatividade e ousadia. Apenas para um feijão com arroz sonolento. Foi o que aconteceu na estreia do Brasil, ontem contra a Coreia do Norte. Vitória suada e sem graça. Deu sono. Portanto me vejo obrigado a aderir à teoria de Sócrates (o ex-jogador, não o filósofo). O ideal, nesse momento, era tirar dois jogadores de cada equipe. Co

Remédio antigo

Remédio antigo, será que funciona? Neste momento, Celso Roth concede entrevista coletiva no estádio Beira-Rio. É a primeira desde a sua contratação, em substituição ao polêmico Jorge Fossati. Porém, Roth sabe muito bem onde está entrando, já que essa é a sua terceira passagem pelo Inter. O novo técnico - que não é tão novo assim - foi anunciado sob decepção dos colorados. Quando se cogita Luiz Felipe Scolari, Abel Braga, Adílson Batista e o que acaba aparecendo é Celso Roth, a frustração é normal e perfeitamente justificável. Inclusive pelos números. As cinco passagens de Roth pela dupla Grenal lhe renderam dois títulos gaúchos, o que, sozinhos, convencem pouco. Já quando o assunto é Brasileirão, o técnico só sentiu o gosto do vice-campeonato. No Brasil, todos sabem, isso é muito mais amargo que doce. O principal desafio é a conquista da Copa Libertadores. Para isso, é preciso primeiro eliminar o São Paulo na semifinal, tarefa nada fácil. O que vai acontecer é impossível prever. Celso

Copa do Mundo 2010

É a inversão da lógica. A África, pela primeira vez, está no centro do mundo esportivo. Unindo nações em torno da bola e simbolizando que ainda há esperança. Saibamos ver e sentir.

Sem surpresas

Quando Dunga converteu o pênalti na final da Copa do Mundo de 1994, contribuindo para a conquista brasileira contra a Itália, certamente sentiu alívio. Sensação que, guardadas as devidas proporções, pode ser comparada à que ele teve hoje, ao anunciar os 23 jogadores que vão representar o Brasil na Copa do Mundo da África. Afinal, tirou um peso cruel das costas. A lista não surpreendeu e, portanto, Dunga não pode ser acusado de falta de critério. Ele seguiu exatamente aquilo que vem fazendo desde que assumiu a seleção, e com razão. A equipe do Brasil atual é vitoriosa, não teria porque mudá-la assim, de última hora. Pressão ocorreu, e muita. Normal. Falava-se em Ronaldinho Gaúcho. Agora fala-se em Neymar e Paulo Henrique Ganso. Nenhum dos três foi chamado. Dunga pode até não ter razão. Quem sabe Neymar e Ganso realmente se destacariam no Mundial e poderiam levar o Brasil ao título, mas é impossível ter certeza. O teste teria que ser feito na hora, o que seria muito arriscado. O argument

Teoria da Conspiração

O jogo do Inter na quinta-feira, pela Libertadores da América, não é mais às 21h15. O colorado entra em campo para enfrentar o argentino Estudiantes às 20h15, por recomendação da Conmebol. O que significa? Significa que o time de Jorge Fossati precisa mudar de atitude antes disso. Caso não queira ficar para trás ainda nas quartas de final daquele que é seu principal objetivo no ano: o título da Libertadores da América. O Beira-Rio tem sido palco de inúmeros desentendimentos, principalmente entre imprensa e comissão técnica. Relembro os dois últimos. Antes do jogo contra o Banfield, pelas oitavas de final da Libertadores, Leandro Behs, da Zero Hora, publicou uma entrevista na qual o preparador físico do Internacional, Alejandro Valenzuela, concedia uma espécie de desabafo. Contava que o desgaste físico dos jogadores colorados tinha explicação, já que alguns mal entendiam o que ele dizia e outros até entendiam, mas faziam corpo mole. Mais tarde, em uma entrevista coletiva, Valenzuela ne

Grenal 380 já começou

O Grenal que decide o Campeonato Gaúcho de 2010 já começou. A decisão dentro de campo é a partir das 16h do domingo, no estádio Beira-Rio. Mas fora das quatro linhas o clássico já está a todo vapor. Começou na madrugada do último domingo, quando o zagueiro Índio sofreu um acidente, cortou o braço e alegou que tudo ocorreu no seu apartamento. Outros disseram que não, Índio se machucara em uma boate, durante uma festa. Ontem ainda apareceu uma terceira versão, segundo a qual o jogador colorado tinha cortado o braço em uma festa no apartamento do Leandro, atacante do Grêmio. O curioso é que em seguida o atacante gremista confirmou o boato. Ou melhor, confirmou em partes. Disse que emprestou o apartamento no qual supostamente havia ocorrido a festa para um amigo. Negou que tenha presenciado o ocorrido com Índio e que soubesse da festa. Essa história do Índio está muito mal contada, já deu pra notar. Fica difícil confiar em qualquer uma das versões. Leandro confirmou uma coisa, depois negou

A dor de cotovelo do Avaí

O técnico do Grêmio, Silas, não teve a recepção que esperava ontem no estádio da Ressacada. O comandante tricolor foi vaiado pela torcida do Avaí, seu ex-clube e que ontem era o adversário do Grêmio nas oitavas de final da Copa do Brasil. A polêmica já havia começado no jogo de ida, semana passada no estádio Olímpico, quando o time catarinense sofreu um gol nascido de uma cobrança de escanteio que não existiu. Após ficar em desvantagem no placar, o Avaí ainda teve um jogador expulso, o meio-campo Caio. Em Santa Catarina alegou-se que o incentivador da expulsão tinha sido justamente o técnico do Grêmio. Foi apontado como traidor pelos torcedores catarinenses. No jogo de volta, ontem à noite no estádio da Ressacada, Silas foi vaiado pelos torcedores do Avaí. Ficou revoltado. Disse estar decepcionado com aqueles que, durante um bom tempo, vibraram junto com as conquistas do Avaí. Conquistas sobre as quais o próprio Silas era um dos grandes responsáveis. Depois, disse que não mais deseja t

Mestre Armando Nogueira

O Brasil está em luto. O jornalismo perdeu um mestre. As palavras perderam seu guia. Ficaram mudas como a torcida na hora do gol adversário. O esporte ficou sem o seu melhor tradutor, o seu principal porta-voz. Armando Nogueira partiu sem avisar, deixou órfãos os meninos que ele viu, os que ele não viu e aqueles dos quais nem ouviu falar. Sou desses últimos. Lembro que certa vez quando comecei a pensar na profissão que escolheria, lá pelos quatorze ou quinze anos, conheci Armando Nogueira. Na época o jornalismo já era meu Plano A. Meu pai, sempre incentivador das minhas idéias, por mais absurdas que pareçam, me presenteou com A Ginga e o Jogo, coletânea de crônicas de Armando Nogueira. O Plano A acabou se tornando o plano único, do qual ainda sou refém. Não tinha como ser diferente. Principalmente porque Armando Nogueira uniu como poucos duas das minhas paixões: o esporte e a poesia. Nunca pensei que as duas coisas serviriam uma para a outra. Talvez nem sirvam mesmo, nas mãos de outro

Quem com ferro fere...

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, neste momento, é um maior abandonado. E o detalhe: em plena Inglaterra. O político viajou sem a primeira-dama, Carla Bruni, para Londres, hoje. Os rumores que correm pela imprensa britânica é de que Carla estaria tendo um caso com um homem mais novo, o cantor francês de música pop Benjamin Biolay. O que teria motivado o abandono. Porém, a imprensa britânica também acusa Sarkozy de querer pagar na mesma moeda. Segundo alguns jornalistas, o presidente da França estaria saindo com sua ministra da Ecologia, Chantal Jouanno. Ministra que é também ex-campeã de karatê! Como Carla Bruni declarou durante a semana que seu marido jamais a trairia, a escolha de Sarkozy pode ter outro tipo de motivação. Carla que se cuide. A primeira-dama francesa foi alvo de outra polêmica recentemente, ao usar um vestido visivelmente sem sutiã em um jantar oficial. A alegria efusiva dos homens presentes não causou estranheza em Sarkozy. Já na Inglaterra, o presidente se de

O vacilo de Walter

Vamos deixar um pouco de lado a final da Taça Fernando Carvalho, que acontece amanhã, para falar um pouco do Inter. Como o colorado só entra em campo novamente na quarta-feira que vem, quando enfrenta o Santa Cruz pelo Campeonato Gaúcho, tinha tudo pra ser um período tranquilo no Beira-Rio. Mas o marasmo foi quebrado. E por um fato constrangedor. Walter, atacante que vinha se destacando no time de Jorge Fossati, simplesmente não apareceu para treinar ontem. Não avisou a direção e estava "incomunicável", como contou o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho. Foi ele quem deu o passe decisivo para o gol de Alecsandro na estreia da Libertadores. Naquela ocasião foi elogiado por Fossati, mas também foi bastante cobrado. Segundo o treinador, ele teria que se dedicar mais nos treinamentos. Alguns amigos próximos contaram que partiu dessa declaração do Fossati a revolta de Walter. Ele estava esperando ser promovido para o time titular logo depois de ter sido decisivo contra o Em

Novo Hamburgo na final. Inter culpa o calendário?

O Inter começou o ano de 2010 já sabendo que teria pela frente o Campeonato Gaúcho e a Libertadores nos primeiros meses. Para isso, fez um planejamento que pareceu o mais indicado: preparou uma equipe "B" para iniciar e, quem sabe, até dar continuidade na disputa do Gauchão. E assim foi feito. Mas hoje, ao ser desclassificado nas semifinais pelo Novo Hamburgo em pleno Beira-Rio, o Inter colocou a culpa no calendário. De certa forma, criticar o calendário está certo. Mas responsabilizar as datas dos jogos pela desclassificação é fugir do problema. Quer dizer que esse planejamento todo valia no início do ano e agora não vale mais? Tanto que quando questionado sobre isso na coletiva de imprensa após a partida, o técnico Jorge Fossati não soube o que dizer. O Novo Hamburgo, que não tem nada com isso, comemora a boa fase e a classificação para a final da Taça Fernando Carvalho, o 1º turno do Gauchão. Os galáticos do Vale tiraram a invencibilidade do São Luiz nas quartas-de-final e

São Paulo, 456

Tudo bem, o céu nublado descarta qualquer chance de dizer: o dia está lindo. Isso para alguns, porque para mim, por exemplo, dia lindo não é só aquele com sol de rachar e um céu azul sem nuvens. Dia feio também é bonito, oras. Mas lá, os dias quase sempre são assim, cinzas e sombrios. O que pode causar desespero. Aquele cinza sem cor pode ainda ser pior. Porque tentar ver a rua, já de uma feiúra honesta, e ainda enfrentando uns pingos de chuva mal formada na cara, pode ser triste e melancólico. Ou feliz, bem lá no fundo. Mas ainda assim, sempre melancólico. E os pingos quase sempre estão lá. Não é à toa que é conhecida como “terra da garoa”. Suas meninas também não são donas de beleza incontestável. Exibem uma certa palidez e as bundas não costumam sair assim, sozinhas, requebrando por aí. Beleza, nesse caso, só a interior. O resto é exceção. O concreto é a parte mais sincera. Afinal está ali apenas para deixar tudo mais desbotado ainda. Goste quem quiser. Arrancou à força todo o verde